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“O lixo vai falar, e numa boa”: Lélia Gonzalez, a criadora de caso do feminismo negro “The garbage will speak, and in a good”: Lélia Gonzalez, the case creator of black feminismo
Abstract
Este artigo propõe-se pensar a filósofa, feminista negra e militante Lélia Gonzalez que ficou conhecida como a “criadora de caso” do movimento negro e do feminismo negro no Brasil. Ao tensionar a filosofia hegemônica e colocar em xeque o discurso hétero cis patriarcal que se erguia sob o signo do colonialismo, Lélia propõe uma batalha discursiva ao subverter a língua. Ao fazer isso ela ousa trazer um feminismo afro ladino ou melhor, um feminismo afro-latino-americano, descoloniza a linguagem e o pensamento, fazendo nascer, mesmo inconsciente, um novo giro decolonial. No mesmo instante que denuncia o racismo e o sexismo na cultura brasileira, a feminista negra afronta a norma eurocentrada e legitimada até então, pavimenta o lugar social e político de fala para o povo preto, instaura, de certo modo, uma nova categoria político-cultural de amefricanidade que nos possibilita um novo modo de filosofar em “pretoguês”. Tal originalidade discursiva faz de Lélia Gonzalez uma pensadora emergente e a legitima como pensadora decolonial. No entanto, estabelecerei movimentos de pensamento com outras feministas negras, bem como trarei as minhas experiências filosóficas como homem negro, gay e candomblecista, pois além de carregarmos opressões que atravessam nossos corpos e me reconhecer no Feminismo Negro, ela inspira-nos a assumir a responsabilidade do ato de fala para não sermos infantilizados e desumanizados pelo colonizador. Nesse caso, nas palavras de Lélia Gonzalez, aqui mais um “lixo vai falar, e numa boa”, pois essa consciência como negro é que o faz de mim sujeito da minha própria história.
English Abstract: This article proposes to think about the philosopher, black feminist and militant Lélia Gonzalez who became known as the “case creator” of the black movement and black feminism in Brazil. By tensioning the hegemonic philosophy and putting into question the straight cis patriarchal discourse that rose under the sign of colonialism, Lélia proposes a discursive battle by subverting language. In doing so, she dares to bring an Afro Ladino feminism, or rather, an Afro-Latin American feminism, she decolonizes language and thought, giving birth, even unconsciously, to a new decolonial turn. At the same moment that she denounces racism and sexism in Brazilian culture, the black feminist confronts the Eurocentric and legitimized norm until then, paving the social and political place of speech for the black people, establishing, in a way, a new political-political category. culture of Amefricanity that allows us a new way of philosophizing in “black language”. Such discursive originality makes Lélia Gonzalez an emerging thinker and legitimate as a decolonial thinker. However, I will establish movements of thought with other black feminists, as well as bring my philosophical experiences as a black, gay and candomblecist man, because in addition to carrying oppressions that cross our bodies and recognize me in Black Feminism, it inspires us to assume the responsibility of the speech act so that we are not infantilized and dehumanized by the colonizer. In this case, in the words of Lélia Gonzalez, here is another “garbage will talk, and it’s fine”, because this awareness as a black person is what makes me the subject of my own history.
Keywords: Lélia Gonzalez; Black Feminism; Pretoguês; Case maker; Decolonization