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O crepúsculo
Abstract
O texto que se segue é um conjunto de poemas de temáticas variadas que vão desde os sentimentos de nostalgia às tendências de futuro a partir de cosmovisão africana. As lutas de Mulherismo africano aparece e transparece no “Ami i fala” exprimida com amor e clamor. A presente lavra revelou com sensibilidade a impaciência de mulher, várias mulheres que sofrendo gemedora em cada amanhecer solta gritos inofensivos a plenos pulmões. “Mama-Afrika” é nestes poemas uma mãe de dois seios que integra a ecologia do seu colo uma multiplicidade de vidas, saberes, formas de vida. Mãe sofredora que viu partir os seus filhos acorrentados nos navios negreiros e não resistiu a descida das lagrimas pungentes. Pode-se vislumbrar a nostalgia da terra primordial e sagrada, a vastidão do solo africano com paisagens amenas. O que eleva a autoestima dos seus descendentes. Deve-se esperar pouco das rimas nesses poemas, estão nestas composições jogo de palavras e dança de ideias. São poemas sem rimas. Mas com versos emitidos com ondas de emoções e de alto valor semântico. O lúdico, o idílico a lembrança de tempos passados colaboram para o chamamento da “Purmeru tchuba” (Chuva serôdia) com promessa de dá-la por oferenda um pano de cor preto. “N´dale Ká” denuncia o gato que rouba numa plena alegoria aos colonizadores que roubaram da África como dos atuais políticos africanos desinteressados com a filosofia de Ubuntu do povo sofredor. A corporeidade ganha notoriedade no título “Nha kurpu”, a sacralidade do corpo enquanto carne herdado por uma alma ancestral desde a natividade quando a carne ainda era crua. A oralidade “Palabra” e o sagrado “Kusas malgosadus” foram apresentadas como estando em crise misturadas com a chegada de coronavírus sobretudo na sociedade guineense como uma cólera, pelo que foi evocado a “speransa di pobu” como o que prevalecerá no tempo vindouro quando resplandecer o sol.