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Code-switching e code-mixing no uso das línguas bantu em Moçambique Code-switching and code-mixing in the use of Bantu languages in Mozambique
Abstract
O contacto linguístico envolvendo as línguas bantu e o português criou/cria situações de bilinguismo na sociedade moçambicana. Esta situação propicia a ocorrência de fenômenos linguísticos como a alternância e a mistura de códigos no discurso em língua materna. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é examinar, à luz dos princípios teóricos do contacto linguístico, o impacto da língua portuguesa no uso das línguas bantu moçambicanas. O estudo procura identificar as principais unidades ou expressões linguísticas do português introduzidas no discurso em línguas bantu, discutir a (in)conformidades dos produtos da alternância e mistura de códigos e as respetivas consequências no contexto particular de Moçambique. A base empírica é constituída por traduções de frases do português para a língua materna, feitas por falantes de línguas bantu (língua materna) e de português (língua segunda). O estudo qualitativo desencadeado neste trabalho revelou que a língua portuguesa interfere significativamente no uso das línguas bantu. Tal interferência se manifesta através da introdução de elementos e/ou expressões da língua portuguesa nos discursos em línguas nativas dos falantes. A análise de dados indica que elementos como conjunções, numerais, substantivos, sintagmas nominais e verbais do português são recorrentemente introduzidos nos discursos em língua bantu. A alternância e a mistura de códigos obedecem aos princípios da gramática da alternância e são funcionais. Embora a alternância e a mistura de códigos sejam úteis na viabilização da comunicação e revelem a capacidade de convivência entre as línguas e de criatividade dos falantes bilingues, a falta do ensino das línguas bantu coloca-as numa posição de instabilidade e perigo de serem substituídas pelo português. Perante esta situação, recomenda-se que seja adotada uma política linguística que favoreça o seu ensino formal em Moçambique, como forma de promover uma coexistência harmoniosa e duradoura das línguas em contacto, sem que a alternância e a mistura de códigos ameacem nenhuma das línguas.
English Abstract
Language contact involving the bantu and Portuguese languages allows/allowed the existence of bilingual speakers in Mozambican society. Bilingualism triggers linguistic phenomena such as code-switching and code-mixing when individuals speak (in bantu language). In this context, this paper aims to examine, in light of principles of the language contact theories, the role of the Portuguese language when Mozambicans use their mother tongues. The study seeks to identify elements or structures of the Portuguese language that are added to the speech in bantu languages, to discuss to what extent products of code-switching and code-mixing are in line with relevant principles of the code-switching grammar, and to scrutinize the consequences of the code-switching in particular context of Mozambique. Data consist of translations of sentences from Portuguese to speakers’ mother tongues, done by speakers of bantu languages and Portuguese. Based on a qualitative approach, the study reveals that the Portuguese language significantly interferes in the use of bantu languages. Such interference comes to the surface through the insertion of elements and structures from the Portuguese language into the speech in local languages. The paper discloses that elements like conjunctions, numerals, nouns and noun and verbal phrases in Portuguese are frequently inserted in the speech in the bantu languages. The code-switching and code-mixing products, however, are functional and follow the relevant and particular principles of grammar. Although code-switching and code-mixing facilitate communication and mean capability of coexistence of languages involved and the creativity of bilingual speakers, the absence of formal and relevant education in and about the bantu languages disadvantages and endangers them. Therefore, the paper recommends that appropriate language policy be adopted to allow the teaching of the bantu languages, as a way of enabling harmonious and lasting coexistence of the languages in contact, with no danger caused by the switching or mixing of codes for any of them.
KEYWORDS
Code-switching; Code-mixing; Bilingualism; Mozambique.