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Cultura, comunidade e identidade surda: O que querem os surdos? Culture, community and deaf identity: What do the deaf want?


Abstract

 


 No âmbito das Ciências Sociais, mais especificamente na Antropologia, têm começado a aparecer pesquisas como esta. No entanto, este trabalho foi desenvolvido de uma forma praticamente inédita em Língua Portuguesa, tendo recebido constantes citações. Os surdos do Brasil, como preferem ser chamados, vêm buscando reconhecimento de sua língua, a Língua Brasileira de Sinais. Este é um fenômeno que acontece em diversos países, como a França e os Estados Unidos, por exemplo. As categorias cultura, comunidade e identidade, desenvolvidas na Antropologia, têm servido especialmente aos estudos culturais, trazendo debates específicos de povos ou grupos sociais. Historicamente, as línguas de sinais foram proibidas em diversos países, favorecendo o que se chamou de oralismo puro. Mas desde o último período de resistência, com a criação da American Sign Language e da Gallaudet College o mundo passou a reconhecer que, na França, setecetencista o abade de l`Epée estava certo. No Brasil, a década de 1980 marcou a criação das primeiras associações de surdos. Este trabalho é fruto da construção da minha dissertação de mestrado, que ficou pronta dois anos depois. O trabalho de campo foi longo: desde 2006 até 2011 e, depois, até 2013. Muitos questionamentos aparecem quando se pensa que uma pessoa não pode ouvir a campainha de casa ou o barulho de trem. É por isso que a Libras é uma língua visual-gestual, com gramática própria e faz requerer adaptações como a campainha luminosa, por exemplo. É importante tomar o cuidado de não homogeneizar esse grupo, pois existem os surdos oralizados, os bilíngues e os que só sabem Libras ou só Português. O que ocorre com os movimentos sociais, sejam eles feministas, negros, indigenistas ou de classe é que há códigos próprios para se traduzir determinadas ideias. Isso não é diferente entre os surdos, por isso pensamos em identidades, culturas e comunidades surdas.


English Abstract


In the field of Social Sciences, more specifically in Anthropology, research like this one has begun to appear. However, this work was developed in a practically unprecedented way in Portuguese, having received constant citations. Deaf people in Brazil, as they prefer to be called, have been seeking recognition of their language, the Brazilian Sign Language. This is a phenomenon that happens in several countries, such as France and the United States, for example. The categories of culture, community and identity, developed in Anthropology, have served especially in cultural studies, bringing specific debates of peoples or social groups. Historically, sign languages have been banned in several countries, favoring what has been called pure oralism. But since the last period of resistance, with the creation of the American Sign Language and the Gallaudet College, the world has come to recognize that, in France, seventeenth-century the Abbé de l`Epée was right. In Brazil, the 1980s marked the creation of the first deaf associations. This work is the result of the construction of my master's thesis, which was ready two years later. The field work was long: from 2006 to 2011 and then to 2013. Many questions arise when one thinks that a person cannot hear the doorbell at home or the noise of a train. That is why Libras is a visual-gestural language, with its own grammar and requires adaptations such as the lighted bell, for example. It is important to take care not to homogenize this group, as there are oralized deaf people, bilinguals and those who only know Libras or only Portuguese. What happens with social movements, whether feminist, black, indigenist or class, is that there are codes of their own to translate certain ideas. This is no different among the deaf, that's why we think about deaf identities, cultures and communities, in plural.


KEYWORDS:


Culture; Deaf Comunity; Deaf Identy


Journal Identifiers


eISSN: 2764-1244